Wednesday, 28 May 2008

Corten

"Os movimentos religiosos do tipo pentecostal são um fenômeno dos mais importantes dos últimos vinte anos, tanto na América Latina quanto na África subsaariana (Cox, 1995). Circulam, através das fronteiras, fórmulas e rituais: aleluia, milagre, libertação dos demônios, bênção. Eles circulam através de redes e de mídias transnacionais, mas circulam também por meio de uma multiplicidade de pontos que atravessam frequentemente as fronteiras de uma maneira menos global, mas não menos concreta (Corten; Marshall-Fratani, 2000). Estas fórmulas e estes rituais compõem as chaves da tradução dos imaginários políticos uns nos outros."1 (152)


" Os movimentos religiosos do tipo pentecostal possuem uma linguagem de louvor, de entusiasmo e de descontração contrária à linguagem de sacrifício, de obrigação e de seriedade frequentes na concepção tradicional do cristianismo. A reza é um lazer e não uma tarefa. A adoração é um prazer antes de ser um dever. Nesta linguagem, podemos observar uma sintaxe diferente da sintaxe do trabalho e do “fazer” do “espírito capitalista”. 2(152)


"Esta linguagem do louvor evolui com a evolução do pentecostalismo. Com a cura divina, o exorcismo e a prosperidade, a linguagem pentecostal continua a expandir o seu trabalho de tradução dos imaginários políticos. A cura divina é comandada por um discurso de abertura (à Jesus) e de louvor." 3(153)


"Com efeito, ao invés de insistir no papel do “fazer” que é a tarefa de espantar os demônios, no discurso pentecostal, somos “libertados”. Estávamos possuídos, nos libertamos. Não há nesta operação transformação de si mesmo; redescobrimos o nosso próprio ser que estava possuído por forças estranhas. Mais globalmente, a guerra espiritual consiste em retomar o que Jesus libertou com a sua morte." 4(153)

o

"Encontramos nesses movimentos ingredientes vindos da “bruxaria”, da devoção católica popular, do discurso moderno sobre a medicina, do gnosticismo modernizado do tipo auto-ajuda, das técnicas de comunicação “de massa”, de organizações burocráticas centralizadas, do marketing político," 5(155)

1A. Corten, 'O Pentecostalismo Transnacionalizado no Contexto Teológico-Político', Horizontes Antropológicos Volume 7 Issue 15 (July 2001), 149160, 152.

2A. Corten, 'O Pentecostalismo Transnacionalizado no Contexto Teológico-Político', Horizontes Antropológicos Volume 7 Issue 15 (July 2001), 149160, 152.

3A. Corten, 'O Pentecostalismo Transnacionalizado no Contexto Teológico-Político', Horizontes Antropológicos Volume 7 Issue 15 (July 2001), 149160, 153.

4A. Corten, 'O Pentecostalismo Transnacionalizado no Contexto Teológico-Político', Horizontes Antropológicos Volume 7 Issue 15 (July 2001), 149160, 153.

5A. Corten, 'O Pentecostalismo Transnacionalizado no Contexto Teológico-Político', Horizontes Antropológicos Volume 7 Issue 15 (July 2001), 149160, 155.

No comments: