Friday, 16 May 2008

Guimaraes

"Esta pesquisa se iniciou com uma suspeita: a mentalidade escatológica dos pentecostais da Assembléia de Deus2 e particularmente da Assembléia de Deus em Belo Horizonte teria conhecido seu ápice entre os anos 80 e início dos 90. Por quê? Politicamente, o Brasil superava o apogeu da ditadura militar lentamente em direção à distensão do regime autoritário e à democratização, passando da perseguição aos comunistas e aos opositores do regime para o retorno dos perseguidos através da anistia e à abertura política. Por outro, o debate em torno do perigo da destruição do mundo através de uma hecatombe nuclear tornava-se mais acessível ao homem comum, principalmente através da popularização da mídia.3 A televisão começava seu ritmo espantoso de crescimento em direção a todas as classes sociais brasileiras, a partir de fins dos anos 60 e início dos 70, tornando mais fácil o acesso à informação da população, apesar da tentativa de controle dos meios de comunicação através da censura.4 Dentro do ambiente pentecostal, os livros e as matérias jornalísticas de conteúdo apocalíptico reproduziam, com certas peculiaridades, o imaginário da sociedade brasileira. Depois deste período, esta mentalidade conheceu uma fase delatência entre aqueles pentecostais que viveram estes anos, se estendendo até os dias atuais, conforme será verificado mais adiante."1 (33-34)

emphasis on relationship of the text with contemporary events in pentecostal churches. 2(38-39)

9/10 of those researched believe that we are living in the last days3 (38-39)

link between the pouring out of the spirit and the coming of Christ 4(39-41)

o

"Os sinais apontados pelos entrevistados fazem uma conjugação de citações literais de passagens de textos bíblicos, associando-as aos acontecimentos contemporâneos, "confundindo" os dois momentos. Há uma apreensão dos eventos que circundam a sociedade moderna, facilitada, com certeza, pela multiplicação dos meios de comunicação."5 (42)


"Para os pentecostais, sua identidade - pessoal e coletiva - é tanto afirmativa quanto negativa. Enquanto positiva, ela está relacionada ao relacionamento místico com o Espírito Santo, aos benefícios que esta experiência com o Espírito traz para a vida diária: os dons miraculosos, as curas, a direção de Deus nas escolhas pessoais e profissionais, o estímulo ao melhor desempenho da sua vocação. Ser pentecostal equivale a ser um escolhido e a ser plenamente cristão, de forma semelhante aos apóstolos, visto que a experiência pentecostal teria a capacidade de construir uma ponte entre essas duas épocas. A busca pela legitimação da identidade pentecostal no passado aponta também para o presente, ao atualizar uma experiência considerada paradigmática."6 (46)

"os pentecostais se consideram batizados com o Espírito Santo, novas criaturas, pessoas renovadas que, em sua relação com os outros, possuem traços diferenciados que os singularizam e produzem uma auto-imagem particular. Se consideram cristãos à semelhança de outros evangélicos, porém são crentes quentes em contraposição aos frios."7 (47) significance of speaking in tongues8 (47-48)

importance of the left behind literature in Brazil9 (49)

"O que observamos, no caso brasileiro em estudo, é que, pelo contrário, o componente escatológico teve uma continuidade desde as suas origens até os dias atuais. A partir das entrevistas realizadas, percebemos que a mentalidade escatológica dos pentecostais é permanente: em determinados períodos, ela continua existindo em um estado de latência e, de repente, sobrevem com um forte ímpeto à superfície. A dificuldade em percebê-la deve-se ao fato de que ela parece moribunda. Mas, uma conjugação de uma leitura dos acontecimentos atuais a partir da interpretação bíblica, pode rapidamente conduzi-la ao fervor. Que tipos de acontecimentos? Catástrofes naturais, guerras, pestes e outros fatos tidos como sinais precursores da volta de Cristo. Na vida cotidiana, o estado de latência parecer ser o normal. O fervor, todavia, é imprevisível porque alguns fatores externos têm a capacidade de desencadear uma mentalidade preexistente. Estas duas considerações precisariam ser mais bem analisadas, tanto na sua dimensão diacrônica interna à Assembléia de Deus quanto em relação a outros grupos pentecostais e à sociedade em geral."10

1RF Guimarães, ' Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos', Revista de Estudos da Religião 1 (2005), 31–53, 3334.

2RF Guimarães, ' Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos', Revista de Estudos da Religião 1 (2005), 31–53, 3839.

3RF Guimarães, ' Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos', Revista de Estudos da Religião 1 (2005), 31–53, 3839.

4RF Guimarães, ' Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos', Revista de Estudos da Religião 1 (2005), 31–53, 39‏–41.

5RF Guimarães, ' Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos', Revista de Estudos da Religião 1 (2005), 31–53, 42.

6RF Guimarães, ' Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos', Revista de Estudos da Religião 1 (2005), 31–53, 46.

7RF Guimarães, ' Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos', Revista de Estudos da Religião 1 (2005), 31–53, 47.

8RF Guimarães, ' Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos', Revista de Estudos da Religião 1 (2005), 31–53, 4748.

9RF Guimarães, ' Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos', Revista de Estudos da Religião 1 (2005), 31–53, 49.

10RF Guimarães, ' Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos', Revista de Estudos da Religião 1 (2005), 31–53, 5051.

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